"São 3 horas da manhã, você me chama pra falar coisas que só a gente entende. E com seu papo poesia me transcende..."

terça-feira, 8 de abril de 2008

A verdade

Outro dia estava voltando para casa, de ônibus. Estava tranqüila, tomando vento na cara, admirando a paisagem, pensando na vida, enfim, curtindo aquele momento no transporte público. Algo possível de ser feito apenas porque era domingo! Lógico, não estava nos horários de rush – indo para a praia/ voltando para a praia ou indo para o Maracanã/ voltando para o Maracanã. Bom, voltando ao caso: estava eu lá, na boa, quando de repente vejo um cartaz de festival de sorvete! Caramba! Não que algo estivesse errado com isso. Quer dizer, até havia, pois eu não ia estar no Rio de Janeiro na tal data. Mas não foi esse o motivo do meu susto. O problema era o endereço do lugar do festival! Escrito em letras garrafais: RUA MARIZ E BARROS. Acredita?

Putz! Meu mundo caiu! Tá, está se perguntando se eu endoidei! Tipo, o que tem de errado com o nome de uma das principais ruas da Tijuca? Pois bem... Explico: Eu sempre achei que aquela rua era da Dona Marise! E note: Marise com “s”!! Não conhece ela? Nem eu! E nem por isso deixava de respeitar essa senhora tão famosa a ponto de virar o nome de uma rua! Meu Deus... Que choque gramatical! A vida inteira eu não só indiquei a rua da Dona Marise para as outras pessoas, como também passei por lá diversas vezes (devia estar sempre com os olhos fechados, né? Fico pensando nisso agora).

E aí, do nada, descubro que aquela verdade era somente uma criação da minha cabeça. Já passou por isso? Descobrir do dia pra noite que aquilo, que sempre foi real pra você, era uma invenção? Sensação horrível, vai por mim. No mínimo, você deve ter passado por isso quando descobriu que o Papai Noel era seu tio fantasiado de vermelho com algodão na cara.

Pôxa, fiquei um pouco frustrada com a Dona Marise... Até conseguia imaginar as feições dela! Meio gordinha, rosto redondo, de óculos, sorriso estampado na cara... Engraçado, pensando friamente, parece até com uma Marise que eu conheço... Será que essa rua era dela? Caceta! É Mariz!!!! Tenho que me acostumar com essa idéia... Mas afinal, o que é Mariz, não? Coisinha esquisita... Antes fosse Marise mesmo...

É... É isso que dá: o povo não fala direito e eu é quem faço a confusão! Está lá escrito “Eva e Adão”, e nego lê “É veadão!”. Ou então ao invés de dizer que aquele é um homem de pouca fé, fala que ele vai “pôr café”. E a “vez passada”? Vira uma “vespa assada”, fácil, fácil! Eca... Nem vem... Não estou precisando limpar os ouvidos ou comprar um aparelho de audição. As pessoas falam rápido e, no final das contas, criam uma segunda língua! Dão origem aos chamados cacófatos! Taí... A razão de tudo: idioma! Só não vê quem não quer! A culpa dessa situação é do Português! Ora, ora... Esse seu Manuel...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Anunciante

Há um tempo atrás mantive um hábito de abrir o jornal, diariamente, na esperança de encontrar nas páginas dos classificados o seguinte anúncio: "Vendo tempo". E nem precisava ser muito, não! Algo por volta de 2h, 3h por dia já iria adiantar muito o meu lado. Dormir melhor talvez se tornasse possível. Sim, sim, sim... As olheiras não são apenas fruto da genética. Eu contribuo muito com essa minha rotina louca. Mas enfim... Nada! Fiquei no vácuo todas às vezes que procurei. E olha que eu nem tinha muita pretensão nessa minha busca. Lógico, a madrugada seria o ideal para eu fazer as minhas coisas. No entanto, devido à urgência da necessidade, até tempo sobrando na parte da manhã estaria servindo! E nada...

Depois passei um período com outra tática: a de anunciar! Coloquei lá no alto da página, em letras garrafais: "Compro tempo". Putz... Aí a situação mudou! Você não tem noção do bando de gente à toa que me deu retorno! Meu celular era mais requisitado do que telefone de parteira. (Aliás, ainda se usa parteira?). Dia e noite me ligavam fazendo ofertas de todos os tipos! Teve gente que até queria fazer um escambo: tempo por diversão. Caramba... No final das contas, isso, ao invés de me ajudar, me atrapalhou. Eu passei mais tempo atendendo celular e vendo e-mail de à toa do que resolvendo a minha vida.

Ah não... Desisti de abrir o jornal em busca de tempo. Sem condições!
Resolvi tirar férias.